Facebook e a Alegoria da Caverna

As redes sociais virtuais são grupos ou espaços específicos na Internet que permitem partilhar dados e informações, sendo estas de carácter geral ou específico e nos mais diversos formatos (textos, arquivos, imagens fotos, vídeos, etc.). Incluem igualmente jogos, debates, testes e outros tipos de entretenimento virtuais. Embora seja um meio de interacção e comunicação que comporta inúmeras vantagens, engloba igualmente diversas desvantagens – quando usado por pessoas que possuem uma atitude acrítica (não pensam de forma coerente e apresentam ideias injustificadas).


A facilidade com que alguns indivíduos divulgam informações pessoais e aceitam como “verdades” o que lhes aparece no ecrã, passando inúmeras horas neste tipos de rede - que se torna viciante e causa dependência - são exemplos que ilustram as consequências negativas da utilização acrítica das redes sociais, em particular do Facebook. Outros aspectos negativos resultantes do mau uso das redes sociais podem ser: deficiência de interacção não-virtual, insucesso profissional e escolar, publicidade dirigida, perseguições por pessoas indesejáveis, chantagens, perda de privacidade e danos na reputação.
Na Alegoria da Caverna, Platão exprime a diferença entre a atitude crítica e acrítica, sublinhando que cada um de nós é livre de escolher ficar preso ou libertar-se. Para fazer esta diferenciação relata a história de homens que viveram desde sempre numa caverna escura, presos por correntes. Não vêem nada a não ser uma das paredes da caverna, onde são projectadas – graças a uma fonte de luz que se encontra atrás deles – figuras que provêm de objectos e pessoas que estão nas suas costas. Quando um dos prisioneiros é liberto, exposto à luz, começa por pensar que o que vê é irreal, convencido que as projecções da caverna são a vida real. Porém, ao longo do tempo, compreende que a verdade é precisamente o contrário, que as projecções não passam de ilusões, e que a realidade é fora da caverna, na liberdade. Decide voltar para persuadir os companheiros de prisão que tivera de que o que pensam não é verdade, contando-lhes a realidade, mas eles gozam com ele, não querendo acreditar no que ele diz.

Analisando esta história relatada por Platão, podemos afirmar que o prisioneiro liberto é a pessoa que pensa e age criticamente, os outros prisioneiros são os que não pensam por si próprios, presos a correntes – que são nem mais nem menos do que as suas próprias mentes quadradas e convencidas da verdade – e envoltos nas sombras, permanecendo, sem ter consciência, na ignorância.
Se examinarmos com atenção, podemos relacionar o modo acrítico com que algumas pessoas usam as redes sociais com os prisioneiros, que são igualmente possuidores de uma atitude acrítica e dogmática. A deficiência de interacção não-virtual pode ser comparada com o isolamento dos prisioneiros em relação ao mundo real. O insucesso profissional e escolar é equivalente ao facto dos prisioneiros se encontrarem embrenhados nas sombras, sem manifestarem qualquer tipo de interesse intelectual por compreender verdadeiramente o mundo que os rodeia. A publicidade dirigida, as chantagens e as perseguições (por pessoas indesejáveis que, de certa forma usaram a atitude acrítica e dogmática da vítima para a alcançar, sendo isto um género de manipulação) encaixam perfeitamente na ideia das pessoas estarem a ser manipuladas e enganadas, tal como os prisioneiros que são levados a pensar que o mundo real é apenas o espaço que eles conhecem da caverna.

As relações sociais podem ser bem mais difíceis no mundo real que no virtual. Mas não será preferível a verdade à ilusão?

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