Pergunta feita por um amigo: O que é a filosofia?

Amigo: O que é a filosofia?

Eu: Se partirmos do princípio de que a palavra filosofia surge etimologicamente de “phylos” e de “sophia” temos logo muito que falar. Ambas as palavras derivam de dois termos gregos. “Phylos” significa amigo, aquele que ama, que deseja. “Sophia” significa sabedoria, conhecimento, saber. Assim sendo, o filósofo, aquele que estuda ou se dedica à filosofia, é o amigo do saber, aquele que ama a sabedoria, aquele que deseja expandir o seu conhecimento.

Amigo: Então eu sou teu “phylos”! Vá continua…

Eu: Sim, eu também sou teu “phylos”. Mas sabes, no oposto ao filósofo, temos o sábio que é arrogante e presunçoso. Para ele, basta saber o mínimo do que necessita para ganhar o que lhe convém, enquanto que o filósofo é humilde. Como disse Sócrates: “Só
sei que nada sei”. Aconselho-te a saber um pouco mais sobre ele!

Amigo: Acatarei o teu conselho. Que mais características tem um filósofo?

Eu: Ora bem, o filósofo é crítico, espanta-se com aquilo que ouve e vê, tem uma atitude interrogativa face ao que se afirma no mundo. Quanto ao espírito crítico, a crítica não tem de ser apenas e só negativa.

Amigo: Exacto. Eu faço uma crítica todos os Sábados para o jornal Expresso e claro que nem sempre falo dos aspectos negativos. Criticar é mostrar a nossa opinião.

Eu: Concordo. A crítica é a acção que os filósofos usam para se exprimirem, dizerem aquilo que pensam, mesmo que venham a ser julgados por aquilo que disseram. O espanto, é um acto espontâneo que as crianças vivem sem terem consciência da grandiosidade do mesmo. No que toca ao filósofo, ele espanta-se com os feitos grandiosos e extraordinários que ocorrem no mundo, mas não só. Espanta-se com o habitual, com algo que acontece no quotidiano e que não tinha outrora parado para pensar. E assim, do espanto surgem as interrogações, questões que formamos com o intuito de encontrarmos respostas aos factos assistidos. E de uma questão surge outra, outra e outra. A questão é fértil. E ao encontrarmos respostas para essas questões o nosso conhecimento expande-se, aumenta.

Amigo: Então eu sou filósofo? É que acabei de te fazer uma questão…

Eu: Não propriamente. Não é com qualquer dúvida ou questão que estamos a ter um pensamento filosófico. “Que horas são?” ou “Empresta-me isso?” são dois exemplos de questões não filosóficas. A dúvida presente na filosofia procura alargar horizontes, tentando apagar os aspectos falaciosos que costumam ocultar a verdade das coisas, pôr em causa os aspectos defendidos e vividos pelo senso comum. Contudo, não podemos pôr o senso comum numa jaula à parte, já que eles não têm apenas aspectos negativos. O senso comum vive, respira, defende com unhas e dentes aquilo em que acredita, aquilo que lhe foi ensinado pelos seus pais e que tinha outrora sido ensinado pelos seus avós aos seus pais. Tradições e rituais são características suas que têm de ser festejadas sempre.
Lembraste daquelas perguntas de há bocado?

Amigo: Sim, aquela das horas e a outra, sim…

Eu: Quando essas perguntas foram referidas como questões não filosóficas, as perguntas serviram como exemplos, ou noutras palavras, argumentos. Na filosofia, qualquer ideia ou ideal define-se por tese, e qualquer tese necessita de apoios ou bases que se definem por argumentos. Qualquer que seja a tese precisa de argumentos, já que a filosofia procura a verdade e a verdade tem de ser consolidada com fundamentos sólidos e convictos. A actividade argumentativa não é exclusiva aos filósofos. Qualquer pessoa que procure a verdade nos seus ramos de estudo, trabalho, lazer necessita da actividade argumentativa.

Amigo: Hum… Filosofia não é fácil!

Eu: Exacto! Como já reparaste, filosofia não é fácil de se explicar já que é uma disciplina de cariz subjectivo e que engloba um pouco de cada outra disciplina. Cada ser humano tem uma visão diferente sobre determinado assunto ou tema. Cada alma sente um gosto especial por algo que outras podem detestar. Por exemplo, a uns, andar de avião é como andar de carro. A outros, andar de avião faz palpitar o coração, em andamento de corrida. Para outros, é impossível andar de carro!
Tudo isto depende das vivências, de acontecimentos passados que marcaram a nossa vida ou de rotinas às quais já estamos habituados.
Para acabar, a filosofia é um dom que te faz tornar numa pessoa melhor, isto só se a souberes interpretar, viver, abraçar.

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