Dia Mundial da Poesia - 21 de Março de 2011

Diz-nos qual é o teu poema preferido!

Comentários

  1. "Para ser grande, sê inteiro: nada

    Teu exagera ou exclui.

    Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

    No mínimo que fazes.

    Assim em cada lago a lua toda

    Brilha, porque alta vive."



    Ricardo Reis



    Este poema exalta o eu de qualquer um. Principalmente o meu.

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  2. Sim, foi por mim que gritei.
    Declamei,
    Atirei frases em volta.
    Cego de angústia e de revolta.

    Foi em meu nome que fiz,
    A carvão, a sangue, a giz,
    Sátiras e epigramas nas paredes
    Que não vi serem necessárias e vós vedes.

    Foi quando compreendi
    Que nada me dariam do infinito que pedi,
    -Que ergui mais alto o meu grito
    E pedi mais infinito!

    Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
    Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
    Que, sem rumo,
    Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

    O que buscava
    Era, como qualquer, ter o que desejava.
    Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
    Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

    Que só por me ser vedado
    Sair deste meu ser formal e condenado,
    Erigi contra os céus o meu imenso Engano
    De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

    Senhor meu Deus em que não creio!
    Nu a teus pés, abro o meu seio
    Procurei fugir de mim,
    Mas sei que sou meu exclusivo fim.

    Sofro, assim, pelo que sou,
    Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
    Sofro por não poder fugir.
    Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

    Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
    (Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
    Senhor dá-me o poder de estar calado,
    Quieto, maniatado, iluminado.

    Se os gestos e as palavras que sonhei,
    Nunca os usei nem usarei,
    Se nada do que levo a efeito vale,
    Que eu me não mova! que eu não fale!

    Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
    Era por um de nós. E assim,
    Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
    Lutava um homem pela humanidade.

    Mas o meu sonho megalómano é maior
    Do que a própria imensa dor
    De compreender como é egoísta
    A minha máxima conquista...

    Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
    Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
    E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
    E sobre mim de novo descerá...

    Sim, descerá da tua mão compadecida,
    Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
    E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
    Saciarão a minha fome

    José Régio


    Por: Luís Silva 10ºC

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  3. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
    muda-se o ser, muda-se a confiança;
    todo o Mundo é composto de mudança,
    tomando sempre novas qualidades.

    Continuamente vemos novidades,
    diferentes em tudo da esperança;
    do mal ficam as mágoas na lembrança,
    e do bem (se algum houve), as saudades.

    O tempo cobre o chão de verde manto,
    que já coberto foi de neve fria,
    e, enfim, converte em choro o doce canto.

    E, afora este mudar-se cada dia,
    outra mudança faz de mor espanto,
    que não se muda já como soía.

    Luís de Camões

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  4. Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
    Mas, enquanto houver amizade,
    Faremos as pazes de novo.

    Pode ser que um dia o tempo passe...
    Mas, se a amizade permanecer,
    Um de outro se há-de lembrar.

    Pode ser que um dia nos afastemos...
    Mas, se formos amigos de verdade,
    A amizade nos reaproximará.

    Pode ser que um dia não mais existamos...
    Mas, se ainda sobrar amizade,
    Nasceremos de novo, um para o outro.

    Pode ser que um dia tudo acabe...
    Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
    Cada vez de forma diferente.
    Sendo único e inesquecível cada momento
    Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

    Há duas formas para viver a sua vida:
    Uma é acreditar que não existe milagre.
    A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.


    Albert Einstein

    Alexandra Ferreira 10ºC

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  5. Cristiana Leite 10ºC21 de março de 2011 às 13:45

    O amor, quando se revela,
    Não se sabe revelar.
    Sabe bem olhar p'ra ela,
    Mas não lhe sabe falar.

    Quem quer dizer o que sente
    Não sabe o que há de *dizer.
    Fala: parece que mente
    Cala: parece esquecer

    Ah, mas se ela adivinhasse,
    Se pudesse ouvir o olhar,
    E se um olhar lhe bastasse
    Pr'a saber que a estão a amar!

    Mas quem sente muito, cala;
    Quem quer dizer quanto sente
    Fica sem alma nem fala,
    Fica só, inteiramente!

    Mas se isto puder contar-lhe
    O que não lhe ouso contar,
    Já não terei que falar-lhe
    Porque lhe estou a falar..

    Fernando Pessoa

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  6. Catarina Leite 10ºC21 de março de 2011 às 13:48

    Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
    Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
    E ter paciência para que a vida faça o resto...

    William Shakespeare

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  7. Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe porque ama, nem o que é amar
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência, não pensar...

    Fernando Pessoa

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  8. Os putos

    Uma bola de pano, num charco
    Um sorriso traquina, um chuto
    Na ladeira a correr, um arco
    O céu no olhar, dum puto.

    Uma fisga que atira a esperança
    Um pardal de calções, astuto
    E a força de ser criança
    Contra a força dum chui, que é bruto.

    Parecem bandos de pardais à solta
    Os putos, os putos
    São como índios, capitães da malta
    Os putos, os putos
    Mas quando a tarde cai
    Vai-se a revolta
    Sentam-se ao colo do pai
    É a ternura que volta
    E ouvem-no a falar do homem novo
    São os putos deste povo
    A aprenderem a ser homens.

    As caricas brilhando na mão
    A vontade que salta ao eixo
    Um puto que diz que não
    Se a porrada vier não deixo

    Um berlinde abafado na escola
    Um pião na algibeira sem cor
    Um puto que pede esmola
    Porque a fome lhe abafa a dor.

    Ary dos Santos

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  9. Jessica Santos 10ºC21 de março de 2011 às 15:07

    Liberdade


    Ai que prazer
    Não cumprir um dever,
    Ter um livro para ler
    E não o fazer!
    Ler é maçada,
    Estudar é nada.
    O sol doira
    Sem literatura.

    O rio corre, bem ou mal,
    Sem edição original.
    E a brisa, essa,
    De tão naturalmente matinal,
    Como tem tempo não tem pressa...

    Livros são papéis pintados com tinta.
    Estudar é uma coisa em que está indistinta
    A distinção entre nada e coisa nenhuma.

    Quanto é melhor, quando há bruma,
    Esperar por D. Sebastião,
    Quer venha ou não!

    Grande é a poesia, a bondade e as danças...
    Mas o melhor do mundo são as crianças,
    Flores, música, o luar, e o sol, que peca
    Só quando, em vez de criar, seca.

    O mais do que isto
    É Jesus Cristo,
    Que não sabia nada de finanças
    Nem consta que tivesse biblioteca...


    Fernando Pessoa

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  10. "Sonhar
    Mais um sonho impossível
    Lutar
    Quando é fácil ceder
    Vencer o inimigo invencível
    Negar quando a regra é vender
    Sofrer a tortura implacável
    Romper a incabível prisão
    Voar num limite improvável
    Tocar o inacessível chão
    É minha lei, é minha questão
    Virar esse mundo
    Cravar esse chão
    Não me importa saber
    Se é terrível demais
    Quantas guerras terei que vencer
    Por um pouco de paz
    E amanhã, se esse chão que eu beijei
    For meu leito e perdão
    Vou saber que valeu delirar
    E morrer de paixão
    E assim, seja lá como for
    Vai ter fim a infinita aflição
    E o mundo vai ver uma flor
    Brotar do impossível chão"

    Chico Buarque

    RitaPaiva 10ºC

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