Falácias informais
Falácia do recurso à força – o argumento recorre a ameaças explícitas ou implícitas, físicas ou psicológicas para levar os ouvintes a aceitar uma afirmação.

Ex: O dinheiro ou a vida.

Falácia contra a pessoa – o argumento pretende mostrar que uma afirmação é falsa, atacando e desacreditando a pessoa que a emite.

Ex: Roberto disse que amanhã não há aulas, mas de certeza que há porque ele é malcriado e preguiçoso.


Falácia da ignorância – argumento que consiste em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso.

Ex: Não acredito em Deus porque ninguém provou que ele existe.
Falácia ad misericordiam – argumento que consiste em pressionar psicologicamente o auditório, desencadeando sentimentos de piedade ou compaixão.

Ex: Por favor, não me despeça, preciso do dinheiro porque a minha mulher está desempregada e o meu filho precisa de ser operado.

Falácia populista – criação de um ambiente de entusiasmo e encantamento que propicie a adesão a uma determinada tese ou produto, cuja origem ou apresentação se devem a uma pessoa credora de popularidade.

Ex: Nove em cada dez estrelas de cinema usam o sabonete X. Use-o também e seja uma estrela.

Falácia da generalização precipitada – argumento que enuncia uma lei ou uma regra geral a partir de dados não representativos ou insuficientes.

Ex: Quando eu liguei a televisão ontem estava a dar o telejornal. Hoje aconteceu a mesma coisa. Logo, sempre que eu ligo a televisão, está a dar o telejornal.

Falácia da falsa causa (post hoc, ergo propter hoc) – falácia que consiste em atribuir a causa de um fenómeno a outra fenómeno, pela simples razão de o preceder.

Ex: O gato miou quando eu abri a porta. Logo, o gato miou porque eu abri a porta.


Falácia da petição de princípio – consiste em adoptar, para premissa de um raciocínio, a própria conclusão que se quer demonstrar.

Ex: Uma pessoa odeia pessoas de outras raças porque é racista.


Falácia da falsa dicotomia – apresentação de duas alternativas como sendo as únicas existentes em dado universo, ignorando ou omitindo outras possíveis.

Ex: Ou o dinheiro ou a vida.


Tipos de Conhecimento
Em todo o conhecimento há uma relação entre um sujeito e um objecto.
Saber Fazer – o objecto é uma actividade.

Ex: A Rita sabe andar de bicicleta.

Conhecimento por Contacto – conhecimento que tem um objecto concreto e que resulta do contacto do sujeito (relação presencial) com ele (objecto).

Ex: O Paulo conhece o José Saramago.

A Joana conhece Londres.
Saber Que ou Conhecimento Proposicional – o objecto do conhecimento é uma proposição.

Ex: A Rita sabe que o José Saramago é um escritor.


A Joana sabe que Londres é a capital do Reino Unido.

Uma proposição pode ser verdadeira ou falsa. Conhecer é saber a verdade.
Logo, o conhecimento proposicional é conhecimento de verdades ou proposições verdadeiras.
É sobre este tipo de conhecimento que se debruça a Teoria do Conhecimento.


Conhecimento, Verdade e Justificação

 Diferença entre Saber e Acreditar ou Conhecimento e Crença (convicção ou opinião)
A Crença é condição necessária mas não suficiente do conhecimento, porque o conhecimento tem que ser verdadeiro, enquanto que a crença pode ser verdadeira ou falsa.
Mas basta uma crença verdadeira para termos conhecimento?
A Crença Verdadeira é condição necessária mas não suficiente do conhecimento. A crença pode ser verdadeira por acaso. O conhecimento implica justificação.
Podemos então definir conhecimento como CRENÇA VERDADEIRA JUSTIFICADA. É esta a definição tradicional de conhecimento (Teeteto, de Platão).
Descrição Fenomenológica de Conhecimento
Apresentação do que acontece na consciência sempre que há um acto de conhecimento.

Fenomenologia  Edmund Husserl
Sujeito – Objecto  relação = correlação, oposição, transcendência, não permutabilidade

A descrição fenomenológica conduz à consciência da existência do problema do conhecimento. Uma teoria do conhecimento tem o objectivo de resolver esse problema.

No acto de conhecer intervêm dois elementos opostos: o sujeito cognoscente e o objecto conhecido. O conhecimento é a relação que se estabelece entre ambos.
Há uma relação recíproca entre sujeito e objecto: o sujeito só o é em função do objecto. O objecto só o é em função do sujeito.
A correlação entre sujeito e objecto não significa que sejam permutáveis. O sujeito não pode ser objecto e este não pode ser sujeito porque os seus papéis são diferentes.
O sujeito tem a função de apreender o objecto, logo, é activo. O objecto tem a função de ser apreendido pelo sujeito, logo, é passivo.
Sujeito e objecto unem-se no acto de conhecer, mas a sua união não anula a oposição entre ambos. Para o sujeito, o objecto é sempre algo distinto dele, algo que não é ele. Há três momentos no acto de conhecer: o sujeito sai de si em direcção à esfera do objecto; o sujeito está fora de si a apreender as qualidades do objecto; o sujeito regressa a si para introduzir na sua esfera as qualidades apreendidas.

As qualidades não são retiradas ao objecto. As qualidades apreendidas não entram fisicamente na consciência do sujeito. As qualidades são representadas sob a forma de imagem. No conhecimento o objecto não se altera. O sujeito sofre alterações: nasce nele a consciência ou imagem do objecto.
Origem do Conhecimento


Racionalismo – só a razão garante a universalidade e a necessidade das representações cognitivas. O conhecimento, se o é efectivamente, só pode ser universal e necessário (verdadeiro). Logo, só a razão é fonte de conhecimento. (Há conteúdos exclusivamente racionais = ideias inatas)
Empirismo – a única fonte do nosso conhecimento (ou melhor, dos conteúdos do nosso conhecimento) é a experiência sensível. (Metáfora da razão como “tábua rasa”)


Apriorismo – (a priori = independente da experiência) o conhecimento é uma síntese de uma matéria de uma forma. A matéria ou conteúdo depende da experiência; a forma depende da estrutura a priori do nosso entendimento (razão).

Natureza do Conhecimento (qual é o factor determinante da representação cognitiva? O sujeito ou o objecto?)

Realismo – o conhecimento corresponde à representação pelo sujeito de coisas reais, ou seja, que existem independentemente da consciência.

Idealismo – a representação cognitiva depende do sujeito, ou seja, o objecto do conhecimento não tem existência independente da consciência.

Possibilidade do Conhecimento

Dogmatismo – doutrina segundo a qual não existe o problema do conhecimento; é para ela evidente que o sujeito apreenda o objecto; tal posição assenta numa crença cega na razão humana.


Cepticismo Radical – nega a possibilidade de contacto entre o sujeito e o objecto – o sujeito não pode apreender o objecto; o conhecimento é, assim, impossível; como tal, não devemos emitir nenhum juízo.


Subjectivismo (cepticismo moderado) – Há uma verdade, mas esta tem uma validade limitada a factores que dependem do sujeito.


Relativismo (cepticismo moderado) – Há uma verdade, mas esta tem uma validade limitada a factores externos, como a influência do meio cultural ou temporal.

Pragmatismo (cepticismo moderado) – o cepticismo tem um aspecto positivo no pragmatismo. Abandona o conceito de verdade como concordância entre pensamento e ser. Segundo ele, o verdadeiro significa o útil ou o valioso.

Criticismo – posição intermédia entre dogmatismo e cepticismo. Está convencido que há uma verdade mas não aceita a desmesurada confiança na razão do dogmatismo. Examina todas as afirmações da razão humana; é reflexivo e crítico.

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